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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Um livro impresso e memórias


Ontem eu estava em casa à tarde, quando me chamaram ao portão. Era uma funcionária da escola, trazendo um embrulho que receberam. Era destinado a mim.
Já imaginava o que era, pois vinha de uma determinada livraria. Abri o pacote num misto de sensações...
Era um livro, obviamente. Quando li o título dele, já sabia quem me presenteara, o que confirmei através do cartão. 
Claro, fiquei muito feliz com o presente, principalmente por quem o dera. Mas algo em mim mesma chamou a atenção: eu fiquei feliz por que ganhei um livro impresso. 
Eu posso me considerar uma semi-nativa digital: praticamente cresci  com celular, computador, a Internet, os videogames e mais recentemente, os tablets. E principalmente após a interação com esse último, minha relação com livros se modificou. Até ontem todos os meus atuais livros eram e-books, ou seja, livros digitais. 
Tenho uma "estante de livros" repleta deles, salvos na memória física ou em plataformas digitais, como blogs, e sites. Carrego qualquer livro comigo, para qualquer lugar, numa pequeno instrumento de apenas 8 polegadas de tela e alguns gigas de memória. Há outra vantagem: há muitos e-books gratuitos na Internet, e outros tantos muito mais baratos do que os livros impressos. Eu não preciso ficar esperando o livro chegar pelo correio: pago e já faço o download. E eu posso ler no escuro, por conta da luminosidade da tela, outra vantagem que eu chamaria de "técnica". O conceito de hipertexto aqui se faz presente: se tenho problemas com o léxico, ou o livro remete a algum conceito desconhecido por mim, imediatamente abro uma outra página na web, e já pesquiso. Sinto uma espécie de liberdade, pois leio como quero, na ordem em que eu quiser.
As "leituras de cabeceira" nunca mais foram as mesmas, além de se tornarem mais frequentes. Foram reconstruídas.
Porém, há algo nos livros impressos que não há nos digitais. Penso em algo intrínseco e dos sentidos. 
No digital, eu sinto o aparato que utilizo para ler o livro (tendo sinto como simplesmente tátil). O visual também é contemplado. No impresso, eu "sinto": eu toco o livro, também, mas sinto mais. Eles não contemplam somente o visual: o folhear das páginas contemplam o tátil; o cheiro de livro novo, ou o cheiro daquele seu livro contemplam o olfato A presença dele é como se fosse a de um companheiro, um amigo. E nesse ponto, sinto-o como se falasse comigo. Logo, como se todos os sentidos fossem contemplados, mesmo.
Nada se compara à sensação do término de uma leitura bem-sucedida. Aquele simples movimento de fechar o livro e em que, em seguida, você contempla o nada, com o livro entre as mãos, a refletir e a se despedir da leitura na qual esteve imerso.
Então, foi por isso que me senti deveras alegre com o meu presente. Primeiramente, foi como se eu tivesse ganhado um afago, um carinho, afinal o recebi de um amigo muito especial. Depois, as memórias das sensações e da contemplação de todos os sentido me vieram. Por fim, o novo companheiro: o próprio livro.
O livro se chama "A incrível viagem de Shackleton", de Alfred Lansing. Não darei detalhes dele agora, mesmo porque eu ainda não iniciei a leitura, e não quero falar do que me disseram, e sim do que eu vou construir e reconstruir sobre ele. Mas só pelas memórias e sentimentos evocados, já sinto-me muito bem... E estou pensando em re-reconstruir a minha "leitura de cabeceira". 
Regressão? Não. Mesmo tão adepta das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), simplesmente não posso extinguir o livro impresso da minha vida...
Abraços!

** Sobre a transposição de textos impressos para o meio digital, encontrei um texto muito legal, de Giovana  Caires Mota (UEL). Segue o link:


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