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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Força de vontade

Hoje, a minha postagem será um pouquinho diferente. Vou falar sobre força de vontade. Mais especificamente, sobre a força de vontade que vejo numa garota lá da escola na qual trabalho.
A garota tem 13 anos. Mora no mesmo bairro da escola.
Ela tem parentes (crianças) que participam do programa "Viva Leite", pelo qual são fornecidos leite às crianças carentes. Sempre esta garota vai atá a escola pegar o leite dessas crianças e, mais tarde, vai até lá para estudar, também. Mas nunca, apesar de conviver com ela diariamente, eu tive a oportunidade de conversar com ela  direito.
Bem, acontece que a escola está em ferias, e como eu não tenho férias, tenho que cumprir horário. Então, fiquei também encarregada de receber e distribuir o leite do programa. E hoje a garota foi até a escola buscar a parte que lhe cabia.
Puxei assunto com ela: "e as férias?". Ela deu um suspiro, e disse que estava descansando um pouquinho, por não ter aula. Olhando para mim, e vendo minha pele bronzeada, perguntou se eu tinha ido à praia. Eu lhe disse que sim, e ela disse que tinha muita, muita vontade de ir à praia! Demos risadas. Entreguei o leite a ela mas, antes que fosse embora, retomei a nossa conversa...
Comecei a perguntar sobre seus parentes, pois já tinha ouvido alguma coisa deles. E ela foi me contando sua vida: cuidava da tia, doente; do bebê desta, de apenas um ano; e, por fim, de sua avó, muito mais doente do que a tia. Era ela, a garota, que dava os remédios a elas, lavava, passava, cozinhava, alimentava o bebê. Isto sem contar as obrigações escolares. Perguntei se ela havia ficado de recuperação naquele trimestre. Ela disse que sim, e em duas matérias: ciências e matemática. Mas disse que não ia ficar mais, porque tinha que estudar mais, dar um jeito, apesar da correria..
Olhei para aquela menina, de apenas 13 anos. Perguntei se ela tinha sonhos, vontade de ser alguma coisa. Ela disse que sim, e ao dizê-lo, sorria. Um sorriso muito bonito, os olhos brilhando. Sabe, eu acho que errei a partir daí. Porque disse a ela que, se eu fosse a mãe dela, não ía deixar isso acontecer, que era hora de ela estudar, correr atrás das coisinhas dela. E que era obrigação dos filhos desta avó cuidarem desses adultos que ela cuidava. Mordi minha língua, viu. Acho que não deveria ter falado aquilo. Ela concordou comigo, mas disse que não tinha jeito, por enquanto. Mas que um dia... Tudo ia dar certo. E ela teria um bom emprego, e faria faculdade, e seria igual a mim.
Igual a mim. Relembrei das conversas que andei tendo com outros alunos. Todos diziam o mesmo. Puxa, eu era um exemplo para eles. Olhe o tamanho da minha responsabilidade!
Mas não é sobre mim que quero falar. É da menina. Da menina de 13 anos. Tantos outros alunos que ficam em suas casas, têm tudo para estudar, como acesso a livros, internet, tempo livre, e não fazem a sua parte! E esta menina, levando a vida que leva. pensa nos estudos, no futuro, em melhorar. Quantos têm tudo e só reclamam. Eu mesma, de vez em quando, reclamo e reclamo.
 Sei que, esta garota,  deu-me um excelente exemplo de força de vontade.

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