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domingo, 16 de dezembro de 2012

Ciência & Arte nas Férias (I)

Meu certificado


Eu estava a atualizar os meus currículos na internet nesta tarde. Daí, fui fuçar nas pastas de documentos da família, e lá encontrei vários certificados meus, de cursos que fiz ao longo da minha vida: encontrei o meu primeiro certificado de inglês; o da pré-escola; os de Ensinos Fundamental e Médio; os de provas de matemática (até eu me surpreendi por um dia ter sido boa nisso); por fim,o do "Ciência & Arte nas Férias".
Neste último me ative por mais tempo, pois vieram memórias interessantes: fora meu primeiro contato com a Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, na qualidade de Bolsista de Iniciação Científica do Programa de Estágio Junior e, por isso, fui, pela primeira vez, financiada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
O Programa permite que alunos do Ensino Médio da rede pública de ensino possam fazer um mês de estágio na Unicamp, em áreas de sua escolha. Desde cedo, o aluno é incentivado a se adequar à metodologias de pesquisa e criação artística, também. Éramos transportados pelos fretados da Universidade, e almoçávamos no RU (Restaurante Universitário, nosso famoso "Bandejão").
O título do meu Projeto era "Conhecendo a aplicação da Imunogenética de Transplantes: como determina-se as compatibilidades nos voluntários para um transplante de medula óssea", sob orientação da Profa. Dra. Maria Helena Stangler Kraemer (cito-a porque ela muito se orgulha de seus "pupilos", daqueles que passaram por suas mãos). Eu queria medicina nessa época, então, caiu-me como uma luva.
Aprendi como se extrai DNA; aprendi a manusear alguns instrumentos de laboratório; aprendi sobre a medula, sobre o corpo, imunidade, compatibilidade HLA (histológica, ou de tecidos). Aprendi sobre como higienizar instrumentos de laboratórios; aprendi procedimentos de segurança enquanto se trabalha nesse local. 
Às quartas tínhamos oficinas em outros Institutos. Aprendíamos fora dos laboratórios.
Aprendi, com o Prof. Doutor Li Li Min, da Faculdade de Ciências Médicas, sobre a Epilepsia. Apesar de ser informada sobre o tema àquela época, eu confesso que tinha medo ou mesmo um certo preconceito quando o tema aparecia. Ele fez a mim e a outros alunos tudo com outros olhos. 
Aprendi, fora do laboratório, sobre artes cênicas: ao se colocar uma máscara, você deixa de ser você. Você é um personagem. E isso é levado muito à sério. 
No IMECC(Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação), aprendemos sobre sólidos geométricos. E mais outros Institutos, dos quais não me lembro...
Mas aprendi mais que conteúdos e pesquisas. Aprendi no laboratório que se luta pela vida:, e como se luta! Chorei, em casa, ao me lembrar que uma família, da região nordeste, tentava encontrar doador de medula para uma mulher, entre os familiares. De um total de 6 irmãos, nenhum era compatível. 
E os amigos? Meu amigo Jé, que tocava comigo no Instituto de Artes, logo após o almoço; a Andressa, companheira de laboratório; a Bruna, que agora encontrei no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL); o amigo e "namoradinho" Paulo; os passeios pela Biblioteca Central; as fotos no Teatro de Arena; as risadas no Bandejão; as vezes que tomamos o Circular Interno incorreto; os passeios pela Faculdade de Ciências Médicas: nós, alunas, de jalecos, achando-se "as doutoras"...
Eu adorei a experiência, nos meus tenros 15 anos. E, naquele dia, decidi que entraria, na graduação, naquela universidade. E lá estou!
Posso dizer que, comigo, o programa cumpriu um dos papéis que se propunha a cumprir: o de fomentar a pesquisa, o de preparar para a vida universitária. 
Fiquei sabendo que muitas escolas nem mesmo divulgam o projeto aos alunos, e são elas quem devem indicá-los para o Programa! É absurdo! Penso que os professores da rede pública devem estimular seus alunos a participarem dos processos seletivos e dessa experiência, que é única!


**Sobre o Programa: http://www.prp.unicamp.br/ciencianasferias/2013/index.html

2 comentários:

  1. Que orgulho dessa menina... por isso que eu amo essa moça rs

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    1. u.u
      E quem será que me ama aí, hein? Nem dá para saber...
      Obrigada!

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